top of page

RED4SUS
Manual de Aplicação

- Implementação - 

ilustracao-do-gesto-de-mao-de-tela-de-toque.jpg

1.

PLANEJAMENTO

Clique na nuvem para saber mais

Nesta seção são discutidos os passos que sucedem o desenho da solução e que constituem, na realidade, a implementação efetiva da solução. Assim, são abordados os tópicos referentes a planejamento da implementação, implementação propriamente dita e acompanhamento de resultados após à implementação, incluindo eventuais correções que podem ser necessárias.

Planejamento

PLANEJAMENTO

apresentação 2

O planejamento da implementação de projetos envolve cuidados referentes a definição de escopo, pacotes de trabalho, cronograma, equipe e infraestrutura. Esses tópicos são discutidos na sequência.

​

Escopo de projeto

O planejamento da implementação inicia pelo claro entendimento do seu escopo. O escopo de um projeto é o detalhamento de todo o trabalho necessário para entregar o “produto final” dentro das especificações esperadas. Se o escopo de um produto é entender as características que este deve ter, o escopo do projeto envolve mapear o trabalho necessário para estabelecer estas características no produto resultante do projeto. Portanto, primeiro é definido o escopo do produto para, então, definir o escopo do projeto: é preciso saber O QUÊ precisa ser feito para definir COMO deverá ser feito. A definição adequada de escopo é importante pois implica em melhores condições para:

  • Amenizar impactos decorrentes de erros que poderiam afetar negativamente outras áreas de gerenciamento do projeto, como a gestão de custos, riscos, qualidade e cronograma, por exemplo.

  • Melhorar a comunicação, uma vez que o escopo deve ser documentado e esse documento servirá de orientação para o trabalho, melhorando a comunicação, pois se espera que todos saibam o que precisará ser feito.

  • Reduzir os riscos de diferenças entre o que foi requisitado e o resultado final.

  • Evitar que mudanças sejam solicitadas no meio do projeto em função de um planejamento inadequado. Quanto mais adiantado um projeto estiver, maior serão os custos associados com alterações e atrasos.

 

Para elaborar o escopo do projeto, as seguintes atividades são recomendadas:

   1. Planejamento do gerenciamento do escopo: envolve planejar e documentar a forma como os escopos de produto e projeto          serão definidos, controlados e validados. Para tanto, os gestores de projeto podem se valer de opinião especializada,                  análise  de dados e  reuniões para desenvolvimento do plano.

   2. Coleta de requisitos: refere-se à documentação e gerenciamento das necessidades e requisitos das partes interessadas,             visando cumprir os objetivos do projeto. Os requisitos devem ser documentados com detalhes suficientes para que sejam            mensuráveis e possam ser incluídos na linha base do escopo (tempo, custo e qualidade.)

   3. Definição do escopo do projeto: detalhamento de todo o trabalho necessário para execução do projeto. Os principais itens           que devem estar presentes em uma declaração de escopo são:

  • Identificação

  • Descrição do escopo do projeto: detalhes sobre cada etapa do projeto. Alguns itens principais desta descrição são a data de início e término, equipe necessária para execução e infraestrutura necessária.

  • Entregas do projeto: descrição de cada entrega, objetivo, quem é o responsável, benefícios esperados, características que devem apresentar.

  • Critérios de aceitação: especificação dos padrões esperados na entrega.

​   4. Criação da Estrutura analítica de Projeto (EAP): organização em forma visual de todo o trabalho a ser feito no projeto. A                EAP é uma subdivisão do trabalho em partes menores, facilitando assim a execução.

   5. Validação do escopo do projeto: envolve formalizar a aceitação das entregas do projeto. Isto deve ocorrer sempre que uma         entrega  é concluída e, caso alguma delas não for aceita, será solicitada mudanças.

   6. Controle de escopo: monitorar o andamento do escopo e gerenciar alterações. Isto auxilia a controlar o progresso do                   trabalho e as solicitações de mudanças.

​​

Alguns erros comuns ao desenvolver o escopo do projeto incluem:

  • Ignorar os riscos do projeto: a identificação dos riscos deve ser realizada no planejamento do projeto e das tarefas, para reduzir seus impactos ou mesmo evitá-los. Devem ser listados no escopo do projeto e as respectivas ações de contingência devem ser incluídas no cronograma.

  • Falta de comunicação: Falta de uma comunicação clara pode se dar em todas as esferas de interação das partes interessadas, gerando prejuízos ao projeto e até mesmo ao produto final.

  • Falta de conhecimento técnico: pode fazer com que o escopo não seja bem planejado, gerando a necessidade de muitas mudanças.

 

Estrutura Analítica de Projeto – EAP

Ao iniciarmos a estruturação e o planejamento dos aspectos operacionais do projetos, um dos elementos gerenciais fundamentais é a definição da Estrutura Analítica de Projeto – EAP (Work Breackdown Structure – WBS, em inglês). A EAP é a divisão do projeto em partes administráveis, representando as entregas do projeto no formato de um diagrama. É uma das ferramentas da Gestão de Projetos mais importantes, servindo como base para o desenvolvimento de outros planos do projeto, como cronograma e custos. A estrutura EAP garante ao gestor de projetos a visibilidade das principais entregas; define o trabalho necessário para o projeto; promove a visão comum do trabalho aos envolvidos e apoia outros processos do gerenciamento de projetos, como o planejamento de  recursos e a identificação de riscos. Cabe destacar que a EAP não corresponde ao cronograma, pois não relaciona a definição de atividades. O seu último nível de desdobramento é o pacote de trabalho, que, por sua vez, é um conjunto de atividades, normalmente atribuído a uma pessoa, departamento ou setor específico. Os pacotes de trabalho devem ser independentes uns dos outros e não devem se repetir ao longo da EAP.

 

Como característica, a EAP remete a compreensão de como fazer, enquanto o cronograma define o que fazer, ou seja, as atividades e seu detalhamento. Recomenda-se que, antes de iniciar a definição da EAP, seja realizada a identificação dos requisitos do projeto, visando definir as características do que será entregue pelo projeto. Para a elaboração da EAP, basicamente, há quatro estratégias:

  1. Por fases: considera as fases do ciclo do projeto.

  2. Por entregas: considera os produtos do projeto.

  3. Por subprojetos: considera os “miniprojetos” que compõem o projeto.

  4. Híbrido: por fases, entregas e subprojetos.

Ainda, para o desenvolvimento da EAP é recomendável o desdobramento de até três níveis, sendo:

  1. Nível 0: produto do projeto

  2. Nível 1: fases do projeto

  3. Nível 2: componentes (pacotes de trabalho)

 

O processo de desdobramento deve utilizar um sistema de codificação numérica que ajude a identificar e a relacionar a hierarquia na EAP, utilizando os 3 níveis de desdobramento e a correta identificação do elemento em determinado nível. Como exemplo: 1.1.2: mostra que determinado elemento é um pacote de trabalho que faz parte do terceiro nível hierárquico da EAP. Outro elemento importante é o chamado Dicionário da EAP, que corresponde a uma tabela que descreve os pacotes de trabalho, seus responsáveis e critérios de aceitação. É aqui onde ficam explícitas as expectativas em relação aos resultados das entregas do projeto. Deve conter os seguintes itens: 1) Pacote de trabalho com identificação; 2) Descrição; 3) Responsável; 4) Participantes e 5) Critério de aceitação.

 

Cronograma

Um cronograma é uma ferramenta de planejamento e controle de atividades que organiza as tarefas a serem executadas em um determinado período de tempo para alcançar um objetivo final. Um aspecto importante é o tempo, que deve ser sequenciado para que as entregas sejam feitas dentro do prazo estimado ou previsto. Elaborar um cronograma é muito mais que que distribuir as tarefas no tempo. Ele precisa ser passível de ser executável, o que requer alinhamento com outras áreas da gestão de projetos e também com a equipe. Como proposta, seguem alguns passos para construção de um cronograma:

   1. Definir o escopo do projeto.

   2. Construir a EAP.

   3. Criar uma sequência de tarefas: com a EAP definida, fica mais fácil sequenciar tarefas. Para criar essa sequência é preciso         observar a hierarquia que há entre elas, representada na EAP: quais tarefas precisam ser executadas primeiro                               (predecessoras), quais serão executadas depois (sucessoras) e as que podem ser executadas paralelamente.

        É importante analisar quanto às dependências que podem existir entre uma atividade e outra. Também é importante                    detalhar as atividades, de forma que fique compreensível a todos os envolvidos.

   4. Definir a duração das atividades: existem muitas formas de estimar a duração de uma atividade. Na sequência, detalham-           se as  quatro principais:

a.  Estimativa por analogia: se baseiam nas experiências anteriores, em projetos na própria organização ou do próprio contexto ou  mercado em que a organização está inserida. Este tipo de estimativa levanta parâmetros de projetos antigos, como a duração, complexidade, o peso e o orçamento, para então, aplicá-los em projetos futuros que possuam características similares. Esta é  uma técnica pouco precisa.

b. Estimativa paramétrica: é uma técnica que consiste em uma relação entre o uso da estatística e os dados históricos, calculando a estimativa de parâmetros. Uma das fórmulas básicas desse tipo de análise é a multiplicação da quantidade de trabalho pelas horas de mão de obra para cada unidade de trabalho, ou seja, uma relação entre a quantidade de colaboradores disponíveis e  duração da atividade.

c. Opinião especializada: recrutamento e uso dos conhecimentos de profissionais que já possuem experiência na equipe, ou  contratação de treinamento técnico e especializado a respeito do tipo de projeto que será desenvolvido. Esses profissionais  podem identificar demandas e dificuldades que outras técnicas podem não abranger, permitindo a redução do grau de incertezas das estimativas.

d. Estimativa de três pontos: esse tipo de estimativa é aperfeiçoado quando se consideram as incertezas das estimativas e risco. O conceito teve origem com o PERT (Técnica de Revisão e Avaliação de Programa), desenvolvido junto ao Departamento de  Defesa dos Estados Unidos. Esta técnica usa três cenários para definir uma faixa aproximada para a duração de cada atividade. Esses cenários são o “mais provável”; “otimista”, e o “pessimista”. Esta técnica auxilia a melhor reconhecer os parâmetros que podem auxiliar a definir a duração da atividade e seus respectivos riscos associados.

   5. Atribuir tarefas aos responsáveis: é importante que se estabeleça um responsável para cada atividade, de forma que este            se  responsabilize pela execução.

   6. Construir um cronograma: existem muitas formas gráficas para se construir um cronograma, desde a utilização de post-it             em uma parede, planilhas e até softwares de gestão. O ideal é que o cronograma seja acessível a todos os envolvidos e             que o andamento  do projeto no tempo possa ser visualizado por todos. Dentre algumas indicações de programas para               construir um cronograma, é  possível citar os mais usuais:

  • Excel: disponíveis modelos de gráfico de Gantt para as diversas necessidades.

  • MS Project

  • Monday.com

 

Equipe e infraestrutura

Ao definir o escopo, a estrutura analítica do projeto e o cronograma, a próxima etapa envolve consolidar as responsabilidades em relação ao cumprimento das atividades e prazos.  Importante lembrar quanto ao perfil dos envolvidos na formação da equipe, considerando a sua diversificação, conhecimentos e habilidades. Observar estas condições na composição das equipes são essenciais para o bom desempenho e contribuem para mitigar os riscos associados ao desenvolvimento dos projetos, especialmente os mais inovadores.

 

A atribuição das responsabilidades deve ser comunicada de maneira explícita, clara e abrangente. Para tanto, algumas ferramentas ou modelos para organizar estas responsabilidades podem ser relevantes. Dentre as ferramentas usuais e que podem compreender os principais fatores de monitoramento dos projetos é a matriz 5W2H. Esta sigla representa perguntas em relação aos elementos chave de definição, as quais são derivadas do inglês, e representam: O que (what) deve ser feito? Por que (why) deve ser implementado? Quem (who) é o responsável? Onde (where) deve ser executado? Quando (when) deve ser implementado? Como (how) deve ser conduzido? Quanto (how much) vai custar a implementação?

Ao organizar o planejamento por meio da matriz 5W2H ficam evidentes as atribuições e os demais elementos necessários para a realização das atividades. Também é uma forma visual e representativa para que sejam esclarecidos os objetivos de cada etapa / atividades e possam ser analisadas possíveis interferências internas e/ou externas da organização.

 

Outra ferramenta que pode ser útil para a visualização das atribuições aos membros da equipe durante o desenvolvimento do projeto é a chamada Matriz RACI, também oriunda do inglês, que significa: o Responsável (Responsible), a Autoridade (Accountable), o Consultado (Consulted) e o Informado (Informed). Seguem as atribuições da matriz RACI:

  • Responsável: é o indivíduo responsável pela execução, desenvolvimento, conclusão e entrega da atividade.

  • Autoridade: referente ao coordenador ou pessoa que tem a autoridade para organizar a tarefa, realizar o acompanhamento e tomar as decisões necessárias que definem a aprovação e a conclusão da entrega.

  • Consultado: são as pessoas que podem contribuir para melhorar o desenvolvimento da atividade ou aperfeiçoar a entrega.

  • Informado: São as pessoas que precisam estar informadas quanto ao início e a conclusão de uma atividade (ou de uma entrega), principalmente visando aqueles que gerem determinadas mudanças decorrentes destas atividades ou entregas.

 

A recomendação para a organização de uma Matriz RACI é utilizar uma tabela ou matriz e a letra referente ao papel/atribuição de cada pessoa em relação a atividade ou entrega. Destaca-se que, para cada atividade / entrega, deverá ter no mínimo um responsável e uma autoridade, sendo que no caso da “autoridade”, não é recomendável que se atribua a mais de uma pessoa. Quanto as pessoas a serem consultadas e/ou informadas, não há uma exigência, porém, cada matriz apresentará as suas respectivas atribuições, de acordo com cada projeto.

 

Considerando ambas as ferramentas, 5W2H e a Matriz RACI, é possível compatibilizar as informações e deixar ainda mais evidente o papel de cada pessoa da equipe no desenvolvimento das atividades e suas entregas, conforme os demais elementos, especialmente no cronograma. Complementarmente, ao desenvolvimento destas etapas para o bom desempenho do projeto, é importante prever a necessidade quanto a infraestrutura para a realização das etapas / atividades previstas.

Atribuir responsabilidades às equipes e prever a infraestrutura necessária trará um panorama geral quanto as demandas para o atendimento daquelas entregas determinadas. Assim, aliado a equipe, a infraestrutura disponível e necessária deve integrar o planejamento. Dentre os itens mais associados a infraestrutura na gestão de projetos, pode-se listar a própria disponibilidade de pessoal, bem como a demanda por recursos físicos e materiais, tais como: equipamentos, ferramentas, softwares, acesso à internet de alta performance, dentre outros. Certamente, em determinados projetos, de acordo com escopo e produtos definidos, haverá a necessidade de recursos mais específicos ou sofisticados, e para tanto, é importante definir a sua previsão, incluindo os custos e a disponibilidade de uso no tempo de desenvolvimento do projeto, visando a garantir uma estrutura adequada para a execução das atividades previstas no plano.

 

Apenas como informação complementar, para implementar as condições para inovar no setor público tem sido estimulado a criação dos laboratórios de inovação, com o objetivo de disponibilizar um espaço para que pessoas e recursos (infraestrutura) sejam orientados para a criação de ambientes de experimentação no setor público. Essa lógica é especialmente direcionada à inovação aberta e colaborativa, envolvendo não apenas as equipes intraorganizacionais, mas outros atores externos na proposição de projetos inovadores e baseados em metodologias ágeis e cocriação. Não há um desenho ou especificação único para os laboratórios de inovação, porém, estes ambientes têm sido implementados no setor público visando o desenvolvimento da inovação, desde a geração de ideias, construção de protótipos e mesmo sua implementação em escala controlada.

IMPLEMENTAÇÃO

escritório|gabinete|agência|posto

A implementação de um projeto é, essencialmente, a execução prática de seu planejamento. Para tanto, deve haver conexão efetiva entre os resultados pretendidos no planejamento e os resultados obtidos em sua implementação, particularmente quando diferentes atores são responsáveis pelas atividades de cada uma destas etapas. Comunicação, portanto, é peça fundamental para o sucesso da implementação. Ela deve ocorrer através de canais diretos, para que seja ágil e para que seus encaminhamentos sejam conduzidos de forma tempestiva. Logo, grandes cadeias hierárquicas de comunicação precisam ser evitadas neste momento, pois não contribuem para esta agilidade de ação. 

​

​O gestor na abordagem Ágil exerce enorme responsabilidade sobre a macrogestão do projeto, ou seja, na definição dos objetivos; organização dos recursos, motivação do pessoal, comunicação e o desenvolvimento/capacitação das pessoas durante toda a etapa de planejamento e desenvolvimento do projeto. A equipe, por sua vez, atua de forma autogerenciável na microgestão do projeto, organizando internamente suas atividades e responsabilidades de forma colaborativa e sinérgica, com autonomia. Na fase de implantação, no entanto, a responsabilidade deve ser igualmente compartilhada entre gestão e equipe. Para que isto ocorra, a cooperação e o respeito entre os indivíduos são necessários, pois através delas é que será possível ajustar rapidamente o projeto, adequar as mudanças e atender aos seus desdobramentos, evitando o prolongamento de eventuais impactos da não-aderência do projeto à demanda real em pontos específicos. Neste aspecto, a participação e o engajamento dos stakeholders é fundamental.

​

​Mas, sobretudo, é indispensável que as equipes definam cuidadosamente um plano de implementação que possibilite fracionar esta etapa em fases menores, definindo prazos, recursos necessários, assunções e riscos, além de delegar aos envolvidos suas responsabilidades primárias em cada uma das atividades destas fases. Isto certamente contribuirá para a gestão pontual de eventuais alterações assim como dos riscos envolvidos nestes ajustes. Para tanto, o registro e o feedback das ações realizadas também devem ser previstos no plano de implementação, porque servem não apenas como orientadores de medidas corretivas durante a implementação, mas também como histórico de lições aprendidas e balizadores de medidas preventivas para o planejamento e desenvolvimento de próximos projetos.

​

De forma geral, durante toda a implementação do projeto na abordagem ágil, especial atenção deve ser dada a alguns aspectos para que a velocidade, qualidade e aderência de cada entregável possam ser alcançadas conforme acordado no plano de implementação. O primeiro é a gestão dos resultados-resíduos, ou seja, resultados que, na prática, não retornaram valor à organização, não eram desejados ou que inadvertidamente demandaram muitos recursos. O segundo aspecto é a análise de falhas na implementação, de forma a identificar suas causas (por exemplo: escassez de tempo para o desenvolvimento, derivado de prazos inadequados ou excesso de alterações; incompreensão do escopo, decorrente de problemas de comunicação; insuficiência de informação para o desenvolvimento, proveniente da falta de engajamento de partes interessadas ou pressa no desenvolvimento) e mitigá-las. O terceiro é a otimização do fluxo de implementação, com vistas à eficiência e qualidade, alterando tempestivamente equipes, práticas e processos, se necessário, e disponibilizando prontamente ferramentas e recursos que possam contribuir para esta eficiência e qualidade.

​

​Portanto, a implementação não deve ser conduzida de forma improvisada, apenas porque o projeto já foi desenvolvido e tudo (em tese) já foi feito. Muitas são as surpresas desta etapa para aqueles que pensam desta forma. Um plano cuidadoso de implementação é fator crítico de sucesso dos projetos e, também, garantia de mitigação dos imprevistos, que potencialmente irão ocorrer nesta etapa. Ao gerenciar estas questões, o plano contribui para a satisfação dos stakeholders, que, antes de tudo, querem ver suas demandas e necessidades efetivamente atendidas sem maiores intercorrências no prazo acordado, na forma desejada e previamente validada.

Implementação

ACOMPANHAMENTO

meeting-1245776_1280.jpg

O acompanhamento é fundamental para alcançar o sucesso dos projetos em implementação ou implementados. Isso acontece porque, inevitavelmente, irão surgir dificuldades ao longo do tempo. Assim, sem o devido acompanhamento e correções de rumo, boas ideias podem ficar pelo caminho. Existem duas fases que necessitam acompanhamento e são discutidas na sequência: (i) acompanhamento durante a implementação e (ii) acompanhamento após a implementação.

​

Durante a implementação, em princípio, a equipe deve considerar que o planejamento foi corretamente realizado e, agora, trata-se de implementar o que foi planejado. Em relação a essa implementação, há muitos aspectos que demandam acompanhamento, notadamente: atividades, prazo, custo, escopo, qualidade e pessoas.

​

O controle de atividades forma a base da implementação do projeto. As atividades previstas para a implementação do projeto devem estar devidamente especificadas, de forma que todos entendam quais são as etapas a serem executadas e o que está previsto em cada etapa. Assim, é possível dimensionar o trabalho e os recursos que devem ser mobilizados em cada atividade. Importante ter em mente que a lista de atividades configura o método utilizado para a implementação do projeto. Ela esclarece “como” o projeto será implementado. Ao longo da implementação, por vários motivos, podem ser feitas alterações nesse método. Assim, algumas etapas podem ser suprimidas, alteradas ou acrescentadas. Isso pode ser necessário para atender questões relacionadas a prazo, custo ou qualidade. Então, é preciso manter atualizada a lista de atividades e comunicar prontamente eventuais mudanças a todos os envolvidos.

​

O controle de prazos é o mais evidente. A implementação deve ter suas etapas definidas, incluindo a descrição do que deve ser alcançado para configurar o término de cada etapa. Assim, é possível verificar se a implementação do projeto avança conforme previsto ou se existem atrasos que podem comprometer o prazo final. Quando se observam atrasos nas etapas intermediárias, ações de correção devem ser desencadeadas, tão cedo quanto possível. Essas ações podem envolver: uso de aplicativos ou procedimentos para maior produtividade, ampliação de horas dedicadas ao projeto, ampliação da equipe de implementação do projeto, terceirização de atividades secundárias, ou mesmo redução de escopo, caso isso não comprometa os objetivos principais do projeto.

​

O controle de custos é o mais crítico em muitos casos. Sempre que pertinente, o planejamento do projeto deve incluir um plano financeiro suficientemente detalhado e preciso, contemplando inclusive efeitos de inflação ou taxa de câmbio. Apoiado nesse plano financeiro, é possível fazer o acompanhamento e observar eventuais desvios. Quando se observam custos superiores aos previstos, ações de correção devem ser desencadeadas, tão cedo quanto possível. Essas ações devem ser dirigidas aos itens de maior custo, que têm maior impacto no custo global da implementação. Inicialmente, deve-se entender os motivos principais do aumento do custo e se eles podem ser mitigados ou eliminados. Caso isso não seja possível, pode-se verificar a possibilidade de ampliar o orçamento do projeto. Se isso não for possível, então será necessário reduzir despesas previstas no projeto. Conforme o caso, isso podem envolver: uso de aplicativos ou procedimentos de menor custo, redução de contratações de serviços, redução do aluguel de espaços ou equipamentos, substituição de matérias primas ou insumos, etc.

​

O controle de escopo é uma das maiores preocupações em muitos projetos. Muitas vezes, em função de planejamento incompleto, o escopo fica variando ao longo da implementação do projeto, e isso implica em grande carga de trabalho adicional (e retrabalho) para a equipe do projeto. Pode ser a causa, também, para o aumento de prazos e custos do projeto. Para evitar mudanças de escopo, é fundamental um planejamento qualificado, a clara especificação do escopo e a compreensão desse escopo compartilhada entre todos os interessados. Mesmo com esses cuidados, em muitos casos, ajustes de escopo de menor monta acontecem durante a implementação. Nesse caso, é importante que isso seja identificado e comunicado aos envolvidos tão logo quanto possível. Em paralelo, deve ser analisado se as mudanças têm impacto em prazos ou custos. Se isso acontecer, o cronograma e o planejamento financeiro devem ser atualizados e comunicado aos envolvidos.

​

O controle de qualidade, frequentemente, é o mais sutil. Ele envolve identificar se o que está sendo feito irá atender as expectativas de qualidade dos interessados. Essa expectativa, muitas vezes, é subjetiva. Assim, o controle da qualidade exige o contato continuado com os interessados, de forma que eles possam observar, criticar e aprovar o que está sendo feito. Uma dificuldade adicional é que, muitas vezes, o produto final, objeto do projeto, não aparece durante a implementação, mas apenas nas suas fases finais. De qualquer forma, o contato continuado com os interessados, reunindo feedback sobre os vários aspectos do projeto, é o que irá permitir à equipe do projeto uma compreensão clara dos padrões de qualidade esperados.

​

O controle das pessoas, notadamente da equipe de implementação do projeto, é outro elemento fundamental. Isso acontece, porque, no final das contas, são essas pessoas que irão implementar o projeto. Logo, os elementos anteriores – atividades, prazo, custo, escopo, qualidade - dependem em larga escala da equipe do projeto. Nesse sentido, envolvendo fatores humanos, é preciso observar: (i) se o coordenador exerce as funções de liderança, mantendo a equipe focada nas atividades do projeto; (ii) se o coordenador, ou um gestor assinalado para tanto, exercem as funções de controle do projeto, conforme especificado acima; (iii) se os participantes da equipe de projetos possuem os conhecimentos técnicos e as habilidades de trabalho em equipe necessárias para a implementação, e (iv) se a equipe está motivada para a realização das tarefas. Como sempre, se existirem problemas em alguns desses itens, as ações devem ser efetuadas tão logo quanto possível visando assegurar o bom desempenho, a atuação harmônica e a produtividade da equipe.

​

Além dos controles indicados acima, relacionados à fase de implementação do projeto, alguns autores também citam o controle de riscos. Aqui, a recomendação é manter o controle de riscos associado aos demais controles mencionados acima, conforme apresentado no quadro de riscos. A visualização dos riscos envolvidos em cada dimensão do projeto permite que ações de contingência sejam planejadas e empreendidas, reduzindo a probabilidade de problemas ao longo do projeto.

​

Os parágrafos anteriores discutiram o acompanhamento necessário durante à implementação do projeto. Na sequência, vamos apresentar os elementos que devem ser considerados após a implementação do projeto. Vale observar que há dois tipos de projetos: (i) aqueles que finalizam juntamente com a sua implementação (por exemplo um programa de eventos) e (ii) aqueles que entregam um produto que será utilizado após a implementação (por exemplo, um novo serviço que passa a ser ofertado à população). Nesse segundo caso, a partir do ponto de vista dos interessados, a fase após a implementação é a mais importante, onde os benefícios do projeto serão vivenciados. Os comentários que seguem referem-se a projetos desse tipo.

Os projetos são implementados para gerar benefícios aos interessados. Assim, após a implementação do projeto, é importante avaliar se o mesmo efetivamente está gerando os benefícios que foram originalmente previstos. Nesse sentido, indicadores de resultados devem ser estabelecidos. Esses indicadores devem atender algumas características listada a seguir:

  • Relevância – o indicador deve estar alinhado aos objetivos do projeto e revelar se esses objetivos estão sendo alcançados;

  • Compreensão – o indicador deve ser entendido por todos os interessados, sem necessidade de explicações mais longas ou complexas;

  • Facilidade – o indicador deve ser relativamente fácil de ser coletado e calculado, sem mobilizar muito tempo ou esforço dos responsáveis;

  • Tempestividade – o indicador deve ser passível de atualização em períodos relativamente curtos, de forma que o intervalo entre a ocorrência dos eventos e a atualização do indicador seja curto (por exemplo, valores que podem ser atualizados mensalmente são preferíveis a valores que só podem ser atualizados anualmente).

Muitos projetos públicos são idealizados para atender diretamente aos cidadãos. Nesse ambiente, a capacidade de atendimento, o tempo de atendimento e a qualidade do atendimento são sempre relevantes. O quadro de objetivos e indicadores apresenta alguns exemplos de indicadores frequentemente utilizados no serviço público, enfatizando o alinhamento dos mesmos com os objetivos do projeto.

​

Assim, o acompanhamento após a implementação deve se concentrar nos indicadores de resultados estabelecidos. Idealmente, o acompanhamento deve ser feito utilizando um quadro físico ou virtual, seguindo os preceitos da Gestão à Vista. Isso permite que os envolvidos visualizem rapidamente os desvios. As figuras aqui apresentam duas situações, onde, na primeira, os resultados acompanham o previsto. Observam-se algumas oscilações, como é natural em todos os processos, mas, em média, os resultados acompanham o previsto. Por outro lado, na segunda figura, os resultados estão claramente aquém do previsto.

​

Nos casos que os resultados não atendem o esperado, sempre que possível, ações de correção devem ser empreendidas. No caso da segunda figura, ações são necessárias a partir do sétimo ou oitavo mês, onde os desvios em relação ao previsto começam a se acumular. Considerando o caso de um novo serviço ofertado aos cidadãos, essas ações podem envolver, por exemplo, ampliar a comunicação do serviço ofertado, reforçar a capacidade (ou capacitação) da equipe de atendimento ou mesmo redesenhar partes do serviço ofertado. Quando necessário, esse redesenho pode ser feito no âmbito da rotina da entidade responsável pela prestação do serviço ou pode ser objeto de um novo projeto de aprimoramento ou ampliação da oferta de serviços.

​

Acompanhar os projetos após a implementação, apoiado em indicadores de resultados, é sempre importante, seja para: (i) corrigir o percurso através de ações apropriadas em cada caso ou (ii) utilizar os resultados documentados como subsídio para a proposição de novos projetos que possam, continuamente, melhorar o serviço público.

Acompanhamento
bottom of page